Dr.ª Andreia Azevedo - Trabalho realizado no Mestrado

No seguimento do estágio realizado na Escola Sá de Miranda, junto do acervo de Pereira Caldas, a Dr.ª Andreia Azevedo concluiu, com mérito e excelência, o seu Mestrado em Património Cultural na Universidade do Minho, sendo-lhe atribuído 18 valores.

O Relatório de Estágio, cujo o título é: "Salvaguarda e Valorização do Património Bibliográfico: o caso do acervo de Pereira Caldas na Escola Sá de Miranda, em Braga.", encontra-se disponível para download no seguinte link:

https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/64755 


Exposição de Pereira Caldas




A Exposição de Pereira Caldas decorreu de um trabalho minucioso da estagiária Drª. Andreia Azevedo, investigadora no âmbito do Mestrado em Património Cultural, da Universidade do Minho, ICS, orientanda do Prof. Doutor José Cordeiro. 

A mesma teve lugar entre os dias 26 de Abril e dia 8 de Maio de 2019, na Biblioteca Pereira Caldas, Escola Sá de Miranda.

Dispomos deste espaço para apresentar alguns elementos fotográficos, que servem de resumo aos documentos bibliográficos expostos durante a exposição.  


A Dr.ª Andreia Azevedo, mestranda da Universidade do Minho e ex-aluna da Escola Sá de Miranda fez um trabalho excelente sobre Pereira Caldas, orientada pelo Professor Doutor José Cordeiro.

Eis o trabalho que tão gentilmente nos cedeu:


Proposta de Classificação Patrimonial de uma seleção do espólio bibliográfico de Pereira Caldas doado ao antigo Liceu Nacional Central de Sá de Miranda



Mestrado em Património Cultural

Património Cultural e Sociedade


Andreia Margarida Fernandes Pacheco de Azevedo
(pg34222)


Docente: José Cordeiro


Braga, 29 de Janeiro de 2018



Índice

Introdução
Capítulo I - Contextualização: A consciencialização e a legislação para a salvaguarda de bens culturais móveis. 
Capítulo II - Requerimento inicial do procedimento de classificação de bens móveis. 
    1. Identificação dos bens. 
    2. Caracterização dos bens. 
    3. Situação do atual proprietário. 
    4. Observações. 
    5. Caracterização Histórica. 
    6. Bibliografia: 
    7. Elementos Fotográficos: 
    8. Identificação do Proponente. 

Introdução

No âmbito da unidade curricular de Cultura e Património e tal como previsto no programa de avaliação, desenvolvi este presente trabalho individual segundo o tema: Proposta de Classificação Patrimonial de uma seleção do espólio bibliográfico de Pereira Caldas pertencente ao antigo Liceu Nacional Central de Sá de Miranda.
O objetivo do mesmo é iniciar um processo de classificação patrimonial do espólio bibliográfico doado pelo ilustre bracarense do século XIX, Pereira Caldas. Uma figura incontestável, que contribuiu para que, hoje, esta instituição de ensino pública se destaque entre as demais pela posse destes bens que compilam os conhecimentos de outras épocas. Posto isto, esta classificação tem em vista a elevação à categoria de bem de interesse municipal.
O motivo que me levou a optar pela classificação de um espólio bibliográfico deve-se, em primeira mão, pela raridade de frequência com que os livros e conteúdos bibliográficos são alvo de classificação e proteção. Numa era em que o domínio da tecnologia é quase impreterível, com a substituição dos livros por formatos digitais, a sua salvaguarda deve ser agora, mais do que nunca, categórica e determinante.
Já a razão que sustentou a escolha particularizada de uma fração do espólio bibliográfico de Pereira Caldas, doada à atual Escola Sá de Miranda, assenta no facto de ter tido o excelente privilégio de frequentar o dito estabelecimento de ensino, e vendo agora uma ótima oportunidade de privar, ainda mais de perto, com a seu vasto legado. A Escola Sá de Miranda encerra em si uma magnifica história com cerca de 180 anos, estabelecida atualmente no edifício do extinto Colégio do Espirito Santo, desde 1922, que, por conseguinte, também transporta consigo uma riquíssima história. Como não poderia deixar de ser, tenho igualmente em conta todo enquadramento em torno de Pereira Caldas, deveras um célebre da cidade de Braga que deve ser relembrado pela sua biblioteca e feitos. Por todos esses motivos e uma vez que a própria doação é recheada de pequenas surpresas a cada página desfolhada, é mais do que meritória esta proposta de classificação e inventariação.
Para a elaboração deste trabalho e seleção pude contar com o amável apoio e contributo da Dr. Cândida Batista, responsável pela biblioteca da Escola Sá de Miranda. Uma experiência gratificante e riquíssima, que espero ser bastante frutífera. 
Posto isto, este presente trabalho escrito está organizado em dois capítulos, existindo ainda um anexo com a tabela avaliativa do estado de conservação. O primeiro capítulo é apenas introdutório, onde irei mostrar a legislação criada com vista à classificação patrimonial de documentos e elementos bibliográficos, em 1931, finalizando ainda com a tomada de consciência face à importância para tal proteção. O segundo e último capítulo, trata-se da derradeira e fundamental parte de todo esta heurística, aqui estarão lançados os primeiros passos para a classificação deste espólio bibliográfico, através do preenchimento do requerimento inicial de classificação de bens móveis. Devo referir que este requerimento foi alterado, a sua base original corresponde à classificação de bens imóveis, sendo por isso essencial adequar, o mesmo, às diretrizes que preenchem os requisitos fundamentais para a classificação de bens bibliográficos.
A metodologia utilizada foi a pesquisa literária e o trabalho de campo, executado na biblioteca antiga da Escola Sá de Miranda, tendo como principal base o catálogo do espólio bibliográfico de Pereira Caldas, elaborado por uma equipa de docentes do Sá de Miranda.
Este trabalho destina-se, sobretudo, aos alunos frequentadores do 1º ano de estudos do Mestrado em Património Cultural, e a todos aqueles que tiverem interesse nesta área patrimonial.

Capítulo I - Contextualização: A consciencialização e a legislação para a salvaguarda de bens culturais móveis
Início, deste modo, esta heurística tomando como ponto de partida a legislação prevista para a protecção e salvaguarda destes bens culturais móveis.
Com o Decreto de 24 de Outubro de 1901 determina-se que a classificação dos Monumentos Nacionais passaria a ser feita por Decreto publicado no Diário do Governo. Contudo a situação que diz respeito ao património cultural móvel é um tanto diferente, apesar de ter sido aprovado por Decreto, a 30 de Dezembro de 1901, as bases para a classificação dos bens imóveis, que devam ser considerados Monumentos Nacionais de reconhecido valor, só a partir de 1928 passa a ser obrigatória a publicação dos arrolamentos de bens móveis, que constituía uma das atribuições do Conselho Superior de Belas-Artes.
Tendo em conta a Lei de Bases do Património Cultural, a Lei n.º 107/2001, de 08 de Setembro, a protecção legal dos bens culturais móveis repousa na classificação e na inventariação, dos mesmos. Sendo assim, no que diz respeito às questões de classificação, a um determinado bem é atribuído um valor cultural inestimável estando previsto três categorias para a sua salvaguarda: bem de interesse nacional ou "tesouro nacional", bem de interesse público e bem de interesse municipal.
Finalmente em 1931, o Decreto com força de Lei N.º 20.586, de 4 de Dezembro, revogou toda a legislação contrária, admitindo que as medidas até então regulamentadas provocavam uma dependência da protecção do património artístico e arqueológico face às operações de um arrolamento geral prévio executado por peritos do Estado, constituindo por conseguinte operações lentas, complexas e dispendiosas, principalmente quando em vista objectos e colecções na posse de particulares.
Tal culminou nas seguintes conclusões, por parte da DGPC, que a baixo se encontra citado.

Impondo a adopção de medidas de protecção imediatas que obstassem à saída do País deste património, independentemente de ter sido ou não arrolado, o mesmo diploma ampliava o universo dos bens inalienáveis que passava agora a integrar as espécies bibliográficas e documentais da Nação: manuscritos iluminados, incunábulos portugueses, espécies xilográficas e paleotípicas estrangeiras, cartulários e outros códices membranáceos ou cartáceos, pergaminhos e papéis avulsos de interesse diplomático, paleográfico e histórico, livros e folhetos raros ou preciosos e núcleos bibliográficos com valor. [1]

Tendo em conta toda esta legislação supra citado e esclarecida, e tomando como ponto de partida que a nossa realidade atual prima por uma dualidade, vislumbrando-se os dois lados da moeda, por um lado temos uma proliferação da imprensa que permite uma aquisição facilitada de obras literárias, mas que ao mesmo tempo tornou as edições cada vez mais banais, e do outro lado uma difusão da tecnologia e uma preocupação ambiental que pretende agora substituir os livros em formato de papel, apelando à praticidade e sustentabilidade ambiental. Posto tudo isto e ao abrigo da lei, faz agora parte de cada cidadão a preocupação pela preservação desta tipologia patrimonial, sendo imperativo um ganho de consciência imediato face a esta questão.


Capítulo II - Requerimento inicial do procedimento de classificação de bens móveis

1. Identificação dos bens

1.1. Qualificação: Património Bibliográfico.
1.2. Designação/Nome: Seleção do espólio bibliográfico de Pereira Caldas doado por Pereira Caldas ao antigo Liceu Nacional Central de Sá de Miranda
1.3. Local/Endereço: Biblioteca Pereira Caldas da Escola Sá de Miranda / Rua Dr. Domingos Soares.
  1.3.1. Código Postal: 4700-295
  1.3.2. Localidade: Braga.
  1.3.3. Freguesia: São Vicente.
  1.3.4. Concelho: Braga.
  1.3.5. Distrito: Braga.


2. Caracterização dos bens

2.1. Descrição geral: Esta seleção é composta, na sua quase totalidade, por obras literárias dos mais variados temas; dada a sua raridade, uma planta das termas romanas das Taipas, feita à mão pelo próprio Pereira Caldas, e ainda uma série de brochuras encadernadas por Caldas tais como: Dom Rodrigo Moura de Teles...,com 4 páginas (datado do ano 1708); O poema de Camões¸ com 8 páginas (datado do ano de 1880); 8 de Maio de 1881 em Coimbra, com apenas 1 página (datado do ano de 1881), entre muitas outras brochuras. No que diz respeito às obras/livros, os temas deste conjunto selecionado são: Religião e Teologia; Económia; Zoologia; Literatura; Literatura Latina. Dentro do tema da religião e teologia foi selecionada apenas uma obra: Martyrologium romanum, adnouam kalendarij rationem & ecclesiasticae historiae veritatem restitutum...(publicação: Venetiis: Apud loannem Guerilium, 1620) - em latim. Já no tema da economia temos as obras: Titulorum omnium ivris (publicação: Lugduri, Apud Robertum Odetum, 1622) - em latim e Tractatus de Manu Regia, pars prima (publicação: Lugduni: Sumptibus Claudii Bourgeat, sub Signo Mercurij Galli, 1673) - em latim. Na categoria da zoologia apenas o Atlas de Zoologia: Collection de Planches(publicação: Paris: Germer Baillière, 1844) - em francês. Quanto ao campo da literatura: Officiis. Libri tres(publicação: Amesterdão: Officina Elzeviriana, 1677) - em latim; Poetarum omnium seculorum longe principis Homeri Ilias (publicação: Brasileae: In oficina Roberti Winter, 1540) - em latim, esta trata-se da Ilíada de Homero, a obra mais antiga da doação; e por fim Decem tragoediae, quae I. annaeo Senecae Tribuuntur (publicação: Antuerpiae: Nutes, 1615) - em latim. Para colmatar este ponto segue-se a categoria de literatura latina, é dentro deste grupo que se encontra o maior número de seleções, fazendo parte de tal as seguintes obras: Thesaurus phrasium poeticarum ex selectissimis autoribus defoffus (publicação: Veneza: Baptistam Cestariy, 1660) - em latim; Epistolae familiares: cum P. Manutii annotaionibus (publicação: Antuerpia: Lucam de Potter, 1681) - em latim; De romanorum gestis. Libri quatuor (publicação: [Évora]: Typographia eborensis Academiae, 1671) - em latim; Horatti Opera(publicação: Parma: In Aedibus, 1733) - em latim, um livro com uma edição que prima por uma excecionalidade e magnificência, pelos seus pormenores exteriores desde a capa, contracapa, lombada e nas extremidades das folhas, pintadas a dourado e com motivos decorativos talhados; Historiarum (publicação: Coimbra: Rodrigues de Carvalho Coutinho-Tipografia da Universidade, 1673) - em latim; Hieronymi Osorii, Lusitani episcopi. Livro 8 (publicação: Colónia: Officina Birckmannic, 1582) - em latim e Eclogas y Georgicas de Virgilio, Rimas y Pompeyo (publicação: Madrid: Iuan de la Cuesta, 1618) - em castelhano.

2.2. Critérios de seleção: O primordial critério de seleção assentou na questão de antiguidade das obras, deste modo consoante o catálogo, fornecido pela Dr. Cândida, optei por selecionar as obras mais antigas, sendo estas do século XVI (1540 e 1582) e a maioria do conjunto selecionado do século XVII (1615, 1618, 1620, 1622, 1660, 1671, duas obras de 1673, 1677 e 1681). Este conjunto conta também com dois livros do século XVIII (1708 e 1733) e ainda do século XIX (1844, 1880 e 1881). Para além do critério de antiguidade foi também utilizado o critério de excecionalidade da edição e da própria obra, como é exemplo a obra Horatti Opera que ressalta por ser uma edição de grande beleza estética, e a obra Tractatus de Manu Regia, pars prima que conta com a presença da assinatura de José Machado e ainda uma série de iluminuras.

2.3. Estado geral de conservação dos livros: Para a apreciação do estado de conservação dos livros foram avaliados os seguintes elementos: a capa, a contracapa, a lombada e o miolo de cada livro, com escala de muito bom, bom, razoável, mau e deteriorado. Em anexo, segue uma tabela com a avaliação feita a cada livro.
  2.3.1. Capa e contracapa: De uma forma geral, a totalidade dos livros encontra-se numa escala de bom, razoável e até muito bom estado de conservação. Pequenos danos provocados pelo o uso e pelo tempo nas extremidades, alguns cortes no material, mas nenhum estado de relevante dano.
 2.3.2. Lombada: É comum um estado razoável de conservação. Os livros apresentam na sua maioria algumas dobras, deterioração dos materiais nas extremidades das suas lombadas, pouca visibilidade dos seus títulos, apagados pelo tempo. Existem, no entanto, algumas lombadas em bom estado. Acaba, portanto, por ser habitual este estado um pouco mais precário na conservação das lombadas por ser, exatamente, a parte mais exposta e, por conseguinte, alvo de um maior dano.
  2.3.3. Miolo: Numa maioria dos livros são visíveis manchas de humidade, e por vezes, felizmente por raras vezes, algumas marcas de traça. No entanto estas marcas, tanto de humidade como de traça, não afetem o conteúdo escrito dos livros, apenas salvo raras exceções, da numeração da página ou algumas letras e palavras, mas nunca de forma gravosa.

2.4. Estado geral de conservação do material cartográfico: A planta das termas romanas das Taipas, realizada por Pereira Caldas, encontra-se num excelente estado de conservação. As anotações feitas pelo célebre cavalheiro estão perfeitamente visíveis, não havendo qualquer dano pertinente.

2.5. Estado geral de conservação das brochuras/encadeamentos de Pereira Caldas: De forma geral, encontram-se em bom estado de conservação.

2.6. Destaques no estado de conservação: Antes de mais é necessário denotar que algumas obras analisadas foram intervencionadas, no que diz respeito às suas capas, contracapas e lombadas, tendo sido substituídos os elementos anteriormente referidos. O próprio Pereira Caldas é apontado como o autor dessas recuperações, sendo que tais são visíveis nas seguintes obras: Hieronymi Osorii, Lusitani episcopi ­- Livro 8 (data de edição: 1582); Historiarum(data de edição: 1673); Epistolae familiares: cum P. Manuti anootationibus (data de edição: 1681). Identifiquei ainda um livro cuja primeira parte do título, que havia sido apagada, fora reescrita pela mão de Pereira Caldas - pelo menos assim eu e a Dr. Cândida concluímos ao comparar a tipologia da letra do doador, essa obra é: Eclogas y Georgicas de Vergilio, Rimas y Pompeyo(data de edição 1618). No que diz respeito ao estado de conservação da obra mais antiga deste espólio, que data do ano de 1540, é de facto de louvar a admirável condição em que se encontra este livro tão antigo, apresenta apenas uma pequena marca de traça no seu miolo, mas sem que tal afecte o conteúdo escrito, tanto a lombada como a capa e contracapa estão num estado elogiável de preservação. Devo ainda referir a excelente condição de conservação daquele que considerei a obra magnânima do espólio, pelo menos no seu ponto de vista estético, o livro Horatti Opera. Terminado este ponto, felizmente em toda a vasta doação existe somente um livro que considerei em mauestado, estando até as suas primeiras páginas num estado já avançado de deterioração, contudo devo referir que os responsáveis pela biblioteca têm feito os possíveis para que este estado não se agrave, a obra em questão é: De romanorum gestis. Libri quatuor(data de edição: 1671).

2.7. Outras observações relevantes: Na totalidade dos livros deste espólio existe uma marca emitida por Pereira Caldas através de um selo branco, nela encontra-se, então, inscrito o seguinte: "Pereira Caldas Professor - Bracarense". Foi de facto este selo que permitiu, os docentes e responsáveis encarregados da catalogação, agrupar e inventariar toda a doação que até há pouco tempo se encontrava dispersa. Em muitas obras existem ainda várias anotações feitas pelo antigo proprietário, Pereira Caldas, muitas delas junto ao selo branco onde é comum estar inscrito que tal livro terá sido doado "A' Bibliotheca do Lyceu Bracarense". Para finalizar este ponto devo referir alguns pormenores dessas anotações, que por vezes se constituem bastante reveladores, como na obra Horatii Opera, dita pelo Pereira Caldas como "edição valiosa".


3. Situação do atual proprietário

3.1. Proprietário: Agrupamento de Escolas Sá de Miranda.
3.2. Endereço: Rua Dr. Domingos Soares, 4710-295 Braga.

4. Observações

4.1. Intervenções previstas: Não existe ainda a previsão de algum tipo de intervenção.
4.2. Pessoas/Entidades que possam dar informações: Diretora: Drª Margarida Antonieta da Rocha e Silva; Drª Cândida Filomena Batista.
4.3. Restrições à divulgação da informação: Não existe qualquer tipo de restrição no que diz respeito à divulgação da informação.

5. Caracterização Histórica

5.1. Informações do antigo proprietário: 

Todo este estupendo espólio pertencia ao insigne José Joaquim da Silva Pereira Caldas. Pereira Caldas foi um jornalista, escritor, ensaísta, arqueólogo amador e professor, nasceu em S. Miguel das Caldas de Vizela, a 26 de Janeiro de 1818. Completou os seus estudos secundários em Guimarães, de seguida matriculou-se na Universidade de Coimbra nos cursos de Matemática, Filosofia e Medicina, no ano de 1835. Dez anos depois foi nomeado, via concurso, professor de Matemática e Filosofia Racional no Liceu de Leiria, em 1846 vê-se transferido para Braga onde se manteve até à data da sua morte, a 19 de Setembro de 1903. No Liceu Nacional de Braga ocupou o lugar de professor de Aritmética, Geografia, de primeiras noções de Álgebra e, mais tarde, Matemáticas Elementares. O seu contributo prestado ao Liceu bracarense como professor foi além de tal, e neste mesmo contexto terá doado parte da sua estupenda biblioteca pessoal, uma doação que conta com os mais variados temas como Política; Economia; História; Arqueologia; Geografia; Zoologia; Matemática; Filosofia; Teologia; Engenharia; Artes; Literatura, entre muitos e muitos temas. Devo ainda referir que esta digníssima figura apresentou-se como um fervoroso dedicado à causa liberal, tendo por isso organizado em Guimarães um batalhão popular, conhecido por polacos do Minho, nos anos de 1846 e 1847. Foi ainda sócio e membro ilustre das mais variadas colectividades científicas e literárias nacionais e estrangeiras, posso referir algumas como a Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães; Instituto Arqueológico Português (extinto); entre uma diversidade imensa de Academias, Sociedades, Gabinetes e afins, fez ainda parte da Comissão dos Monumentos Nacionais. A obra deixada por Pereira Caldas é igualmente de grandiosa vastidão, não só em quantidade, mas também em temática. O professor bracarense era tão admirável que mesmo Bordalo Pinheiro tomou a liberdade de criar uma caricatura de tal célebre figura, contudo, a sua biblioteca havia-lhe feito jus, tendo sido referida em várias obras e por constantes vezes, até mesmo na legenda que acompanhava a caricatura de Pereira Caldas, na Revista António Maria de 5 de Junho de 1884 - "O dr. Pereira Caldas, cavalheiro amabilíssimo, professor muito distincto e senhor d'uma das mais notáveis livrarias." A sua figura é de facto de grande memória e tal foi ilustrado no seu espólio que acabou por doar a várias instituições não só ao Liceu bracarense como à Biblioteca Pública de Braga.


6. Bibliografia:

6.1. Fontes/Arquivos:
  • Arquivo da Escola Secundária de Sá de Miranda, Braga.
  • Arquivo Municipal de Braga.
  • Biblioteca da Escola Sá de Miranda.
  • Biblioteca Nacional, Lisboa.
  • Biblioteca Municipal de Braga.

6.2. Obras/Livros:
  • Azevedo, Rodrigo. «Liceu Nacional Sá de Miranda». Em Liceus de Portugal, cord. António Nóvoa, 119-141. Porto: Edições ASA, 2003.
  • Bellino, Albano. Inscrições romanas em Braga (inéditas). Braga: Typografica Lusitana, 1895.
  • Caldas, Padre António José Ferreira. Guimarães; apontamentos para a sua história. Vol, I. Porto: Typ. de A. J. da Silva Teixeira, 1881.
  • Caldas, José Joaquim da Silva Pereira. Oração escholar no anno lectivo de 1886. Braga: Typ. de Bernardino A. de Sá Pereira, 1886.
  • Caldas, José Joaquim da Silva Pereira. Apontamentos Gerais sobre os mais notáveis objectos que podem atrair as atenções de SS. MM. FF., na viagem pelo distrito de Braga em 1852. Braga: Fundação Bracara Augusta, 2006.
  • DGPC. «Património Cultural da Nação. Bens Culturais Móveis Classificados, Inventariados ou Arrolados», Direção-Geral do Património Cultural, https://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/patrimoniomovelnovo/historial_bmci_2011.pdf, Março de 2011.
  • Ribeiro, Alice, Cândida Batista, Carla Machado, Elisa Carvalho, e Fátima Costa. Pereira Caldas - Espólio Bibliográfico. Braga: Agrupamentos de Escolas Sá de Miranda, 2017.
  • Simões, António José da Silva Corrêa. Relatório referente ao anno escolar de 1903 a 1904 e algumas palavras proferidas na sessão solemne da abertura das aulas do anno lectivo de 1904 a 1905. Braga: Typ. de J. M. de Souza Cruz, 1904.
  • Simões, Inocêncio Francisco da. Dicionário Bibliográfico Português. Tomos IV e XIII. Lisboa: Imprensa Nacional, 1860-1885.


7- Elementos Fotográficos (As Fotografias encontram-se em Imagens da Biblioteca Antiga e Espólio)

Fotografia 1: Lombada da obra Decem tragoediae, quae I. annaeo Senecae Tribuuntur, 1615. 


Fotografia 2: Página de rosto da obra Decem tragoediae, quae I. annaeo Senecae Tribuuntur,1615. 


Fotografia 3: Anotações na parte de trás da página de rosto da obra Decem tragoediae, quae I. annaeo Senecae Tribuuntur, 1615.


Fotografias 4: Lombada da obra Eclogas y Georgicas de Vergilio, Rimas y Pompeyo, 1618.


Fotografia 5: Página de rosto da obra Eclogas y Georgicas de Vergilio, Rimas y Pompeyo, 1618.


Fotografia 6: Lombada (não original) da obra Epistolae familiares: cum P. Manutii annotationibus, 1681. 


Fotografia 7: Página de rosto da obra Epistolae familiares: cum P. Manutii annotationibus, 1681.


Fotografia 8: Lombada (não original) da obra Hieronymi Osorii, Lusitani episcopi (Livro 8), 1582. 


Fotografia 9: Página de rosto da obra Hieronymi Osorii, Lusitani episcopi (Livro 8), 1582. 


Fotografia 10: Segunda página da obra Hieronymi Osorii, Lusitani episcopi (Livro 8), 1582.


Fotografia 11: Lombada (não original) da obra Historiarum, 1673 


Fotografia 12: Página de rosto da obra Historiarum, 1673.


Fotografia 13: Anotações de Pereira Caldas na página de rosto da obra Historiarum, 1673.


Fotografia 14: Capa da edição de excelência da obra Horatii Opera, 1733. 


Fotografia 15: Lombada da edição de excelência da obra Horatii Opera, 1733.


Fotografia 16: Detalhes talhados e pintados a dourado das extremidades das páginas da edição de excelência da obra Horatii Opera, 1733.


Fotografia 17: Anotações de Pereira Caldas e o seu selo branco na página de rosto da edição de excelência da obra Horatii Opera, 1733.


Fotografia 18: Selo Branco de Pereira Caldas e algumas anotações do próprio.



8. Identificação do Proponente (Alguns dados pessoais foram omitidos por razões óbvias) 


8.1. Proponente: Andreia Margarida Fernandes Pacheco de Azevedo

  8.1.1. Contactos: telem.: 91-------; e-mail: - ou -
  8.1.2. Documento de identificação: Nº do Cartão de Cidadão: --------

8.2. Preenchimento por: Andreia Margarida Fernandes Pacheco de Azevedo
  8.2.1. Data: 25 de Janeiro de 2018

Notas:
[1] DGPC. «Património Cultural da Nação. Bens Culturais Móveis Classificados, Inventariados ou Arrolados», Direção-Geral do Património Cultural, https://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/patrimoniomovelnovo/historial_bmci_2011.pdf, Março de 2011.





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